Estou a escrever este artigo de Curitiba no estado do Paraná no Brasil, numa das minha viagens de trabalho. E, como habitual, viagens de trabalho significam muito tempo sozinho e por isso uma grande oportunidade de reflexão. Da reflexão saem quase sempre boas ideias e bons modelos.
Desta vez dei comigo a refletir sobre o crescimento das empresas. Desde 2005 estudei que a alavancagem é chave do crescimento empresarial. Mas como também foi nessa altura que me dediquei ao empreendedorismo de forma profissional e a tempo inteiro, confesso que hoje tenho um entendimento muito mais profundo desse fenómeno.
De facto as estatísticas parecem consistentes ao longo do tempo e são quase impiedosas:
Aparentemente apenas 4% das empresas que anualmente abrem por todo o mundo sobrevivem mais de 10 anos e apenas 1% ultrapassa um milhão de USD ou EUR de faturação.
Hoje tenho claro que os motivos que justificam estes resultados são claramente relacionados com alavancagem ou, neste caso, por falta dela.
A maior parte dos empresários, ou pessoas que se estabelecem por conta própria, como há muitos anos partilho, são normalmente bons técnicos, ou seja sabem da atividade técnica subjacente à sua área de desenvolvimento empresarial.
Mas sabem normalmente muito pouco de estratégia empresarial, de planeamento, de vender essa atividade, de liderar equipas, de marketing, de eficiência operacional e de finanças. Como tal têm enorme dificuldade em gerir as suas empresas. Operam-nas, de facto, mas não as gerem. E têm enorme dificuldade em entender como as atividades que são diariamente desempenhadas afectam diretamente os resultados.
Podemos dizer quer têm então, um enorme estrangulamento no que respeita ao crescimento das suas atividades. E se pensarmos que, num mundo em acelerante mudança, a concorrência é cada vez maior, crescer torna-se um imperativo: se não estão a crescer estão a morrer!
Como muitas vezes falta a consciência e/ou a humildade de reconhecer que precisa de adquirir-se essas competências, acaba por cair-se nos tais 96%.
Nas horas de trabalho de trabalho encontram o seu segundo enorme estrangulamento. O tradicional empresário, dominando o trabalho técnico subjacente à sua atividade, acaba por não confiar em mais ninguém para o fazer.
Como não organiza a sua empresa para um crescimento de longo prazo também não sente grande necessidade de o fazer, uma vez que a sua motivação é muitas vezes apenas alimentar um determinado estilo de vida, substituir um salário. Envolve-se então diretamente em todas as operações da empresa e estas podem alargar-se apenas até ao limite das horas que tem na agenda, daí a empresa estar condenada a uma dimensão inferior ao tal milhão de faturação.
A forma de resolver estes desafios é obviamente a alavancagem! Encontrar formas de desmultiplicar os resultados nos nossos esforços.
Haverá inúmeras formas de o fazer, desde a clássica forma de usar o tempo, as competências e o esforço dos nossos colaboradores, à alavancagem pelo conhecimento que conduzirá a um melhor entendimento da dinâmica empresarial e consequentemente a melhores decisões, a muitas outras sobre as quais escreverei no futuro.
Mas para concluir a ideia de hoje, tudo, no que respeita ao crescimento empresarial, se trata de encontrar alavancagem.
É tudo sobre alavancagem: a maximização dos resultados empresariais através da otimização e desmultiplicação do esforço.
Paulo de Vilhena
Presidente na Paulo de Vilhena Business Excelerators