Como gerir o medo dos colaboradores com os objetivos | Paulo de Vilhena
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Estabelecer objetivos é uma das atividades mais desafiantes na dinâmica de uma empresa. Aos meus colaboradores costumo dizer que atirar para as estrelas é a maior probabilidade de chegar à lua.

Claro que o impossível não deve nunca ser um objetivo. Até porque os objetivos devem responder a uma série de critérios que os tornem verdadeiros. Não sabe quais? Descubra as 4 Regras para Definir Objetivos neste artigo.

Mas uma coisa é certa: um verdadeiro objetivo será sempre um desafio para todos os envolvidos e implicará sempre sair da zona de conforto. Ora, nem sempre é fácil alinhar os objetivos e expetativas do líder com o comprometimento e confiança dos colaboradores.

Esse é o grande busílis da gestão de pessoas e da gestão de objetivos.

Então de que forma podemos gerir o medo dos nossos colaboradores de fixar objetivos um pouco mais altos?

Eu gosto sempre de começar por nós próprios, os líderes.

A primeira convicção que devemos questionar é exatamente se nós não estamos a fazer isso também. E na minha opinião, a maior parte de nós provavelmente está a ter medo de colocar a fasquia mais alta.

Nós líderes somos os primeiros muitas vezes a estabelecer os nossos objetivos abaixo daquilo que poderíamos concretizar. Ou seja, definimos aquilo que já sabemos que somos capazes de fazer. E porque é que isto acontece? Porque, tal como toda a gente, temos medo de não ser capazes de ir mais longe. E talvez os nossos colaboradores estejam a fazer a mesma coisa apenas a um nível diferente do nosso. O fenómeno é exatamente o mesmo.

Todos nós, seres humanos, tendemos a definir objetivos abaixo das nossas capacidades condicionados pelo medo de não atingirmos os resultados a que nos propusemos.

Porque por alguma razão temos dificuldade em lidar com a frustração de nos propormos a fazer algo e não sermos capazes de o concretizar. Então preferimos definir coisas que nós já sabemos que somos capazes de fazer por muitos médias que essas coisas sejam e por muito que elas não fujam daquilo que toda a gente está a fazer, simplesmente para não termos de lidar com essa frustração.

Ora, a única forma que eu conheço de lidar com esses receios é, numa primeira fase, a consciência de que é o medo que nos está a limitar na definição de objetivos e, consequentemente, na possibilidade de alcançarmos melhores resultados.

Imaginemos por exemplo que estamos a estabelecer objetivos de vendas para um trimestre. Se formos atrás de 400 mil euros – mantendo-nos na zona de conforto do que sabemos ser possível porque já o fizemos antes – qual é a probabilidade de chegarmos aos 600 mil?

No entanto, se formos atrás dos 600 mil, podemos até só chegar aos 500 mil, mas ficámos inquestionavelmente mais perto dos 600 mil que eram o nosso objetivo. Por isso temos de pensar até onde sabemos que conseguimos ir e propor-nos a ir mais além. Só assim conseguiremos melhores e melhores resultados.

Definir um objetivo passar por encontrar respostas para um determinado número de questões que nos permitirão chegar progressivamente mais longe.

Se pensarmos fechados na caixinha do que estamos a fazer hoje, não evoluiremos. Mas se formos criativos conseguiremos muito mais.

E como combatemos a consciência de que o medo nos está a limitar com os nossos colaboradores?

Conversando. É preciso passar a mensagem e repeti-la ao longo do tempo. São temas que se aprofundam com cada colaborador individualmente e também com as equipas em grupo. Discutir certos assuntos uma e outra vez – as vezes que forem precisas – criando consciência de que todos nós temos essa limitação, para depois nos disponibilizarmos mais uma vez individualmente e em grupo a tentar enfrentar e combater essa autolimitação.

Então consciência e desafio são as palavras-chave.

Devemos começar primeiro por nós, assumir que temos esse desafio, para depois podermos lidar com o mesmo desafio com as nossas equipas e individualmente com cada um dos nossos colaboradores.

 

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