2 Efeitos dramáticos do buraco da tesouraria? | Paulo de Vilhena
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Transformar lucro em fluxo de caixa é uma dificuldade transversal a várias empresas não só em Portugal mas no mundo. Por vezes, os próprios empresários têm alguma dificuldade em distinguir estes dois indicadores.

Mas é crítico percebermos que o lucro é uma figura teórica, que é a diferença entre aquilo que faturamos e os custos que nos são faturados a nós. Portanto, nem sempre (e isso acontece muitas vezes), representa aquilo que é a realidade da tesouraria da nossa empresa. E por isso muitas empresas deparam-se com o desafio a que eu costumo chamar buraco da tesouraria.

E o que é isso?

Imaginemos que uma empresa compra mercadoria ou matéria-prima para transformar e que em média paga essa mercadoria ou matéria-prima a 30 dias. Depois, essa mercadoria fica armazenada, ou seja, fica em inventário em média 60 dias. E que após ser vendida a empresa leva em média mais 60 dias a cobrar essa mercadoria.

Esta empresa até compra a um bom preço e vende a um preço ainda melhor. O cenário é ainda mais positivo, a empresa tem custos fixos baixíssimos, o que lhe gera uma margem líquida muito boa no final de cada período contabilístico.

Portanto, tudo isto significa que o seu lucro é elevado.

E onde é que vai estar esse lucro?

Não vai estar na sua conta bancária… Porquê?

Vejamos com atenção:

  • Prazo médio de pagamento 30 dias
  • Prazo médio de stock 60 dias
  • Prazo médio de recebimento 60 dias
Então a empresa paga a 30 dias, mas só tem o dinheiro na sua conta a 120.
Há por isso um buraco de tesouraria de 90 dias.

E este buraco é uma espécie de aspirador de cash flow. O lucro está lá e temos de pagar impostos sobre ele. Mas o cash flow, ou seja, o dinheiro que podemos gastar, não está lá.

Então de onde vem o dinheiro para tapar este buraco?

As alternativas não são muitas.

Por vezes o dinheiro vem do cash flow operacional que essa empresa geraria e que deixa de gerar porque ele passa a ficar estacionado, ou no seu armazém ou nos seus recebimentos. Aprenda a aumentar o fluxo de caixa da sua empresa neste artigo.

Outras vezes não havendo cash flow operacional temos de pedir financiamento à banca para tapar este buraco. Este cenário é o cenário mais dramático, porque havendo dívida aumenta o risco da nossa empresa, mas acima de tudo a dívida tem um custo! Então o buraco da tesouraria não só vai ter um impacto no nosso fluxo de caixa operacional, como passa a ter um impacto negativo também nos nossos lucros, porque gera um custo financeiro na minha empresa.

A terceira alternativa será o empresário colocar do seu próprio bolso o dinheiro que é preciso para tapar o buraco de tesouraria da empresa. Reparam: teoricamente um empresário monta uma empresa para que ela lhe possa dar dinheiro, não para que ele tenha de pôr lá o seu. Mas a verdade é que este cenário pode realmente acontecer.

Por isso é crítico para todos nós, empresários, termos atenção aos nossos indicadores. Até porque há dois efeitos absolutamente dramáticos deste fenómeno e que não podemos tratar com ligeireza:

1- A sobrevivência da empresa

Só há uma razão para uma empresa fechar: acabar o dinheiro. A organização pode acumular lucros crescentes, mas se não tiver liquidez, não terá dinheiro para pagar as contas. E é isso que faz com que a empresa feche.

2 – A rentabilidade da empresa

Mesmo que nós mantenhamos a sobrevivência da empresa, a empresa pode não gerar fluxo de caixa suficiente para que nós possamos viver melhor fruto do nosso esforço e do risco que corremos como empresários.

Então devemos ter atenção aos indicadores para assegurar que as nossas empresas estão a crescer de uma forma saudável e equilibrada.

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